terça-feira, 17 de setembro de 2013

Não Adianta Chorar...

É verdade que cada um tem o seu tempo para aprender e perceber certos detalhes da vida e dos encontros. Mas fico intrigado com o comportamento de algumas pessoas que, dia após dia, veem-se diante de situações absolutamente constrangedoras e decepcionantes por conta da dinâmica estabelecida num determinado relacionamento e, mesmo assim, nada fazem para mudar!

Reclamam, acusam o outro, lamentam-se da pouca sorte, doem e até se desesperam, mas continuam exatamente onde estão, fazendo exatamente o que vêm fazendo e exatamente do mesmo jeito. Fico me perguntando: o que será que elas esperam que mude? O mundo? O outro? Os resultados? As consequências? A sorte? O vento? O que???

Ok, cada um também tem o direito de querer o que bem entender. E o desejo de alguém é algo que realmente não se discute! Mas, convenhamos! Quem quer viver algo novo, precisa fazer algo novo! Quem deseja viver algo diferente, tem de ter uma atitude diferente! É quase matemático, tão óbvio e tão simples que provoca dúvidas a ponto de paralisar e enganar tais pessoas.

Uma vizinha, por exemplo, toda vez que me encontrava não perdia a oportunidade de desferir contra o namorado todo desgosto que sentia por conta do modo como ele a trata. É grosseiro, desrespeitoso, mente e já a mandou embora pelo menos umas quatro vezes. Ela vai. Mas volta! Volta assim que ele chora, pede perdão e diz que vai mudar! Mas, mesmo ela voltando, ele não muda.

Essa história se repete há quase três anos. E depois de ouvir em silêncio por longos meses, resolvi questionar, como uma típica vizinha: "Menina, você é tão nova, bonita, uma vida toda pela frente, não tem filhos, por que não termina esse namoro e vai cuidar da sua vida?". E ela respondeu: "Ah, Alexandre, porque eu amo tanto esse homem! E eu não consigo sentir raiva dele. Eu sou muito boazinha!".



"Bem", pensei comigo, "cada um sabe de si, ou tem sua hora de saber sobre o quanto merece e o que quer contar em sua história!". Voltamos ao ritmo habitual das nossas conversas, eu ainda tentando algumas colocações na tentativa de fazê-la refletir de vez em quando, até que, dia desses, eu a encontrei aos prantos pela rua. Chorando muito mesmo! Parei o carro e perguntei se ela precisava de algo, se queria uma carona pra casa, enfim.

Ela aceitou, entrou no carro e já foi revelando: "Xand, estou grávida! Acabei de descobrir! E agora? O que vou fazer da minha vida? Ele sempre me disse que mulher grávida fica gorda, flácida, feia, que todo homem perde o desejo pela mulher quando ela engravida... e blá, blá, blá...".



Naquele momento, eu não sei se senti mais raiva dela, dele ou de mim. Ou melhor, pena de todos nós! Pena por, tantas vezes, agirmos no sentido de tecer, dia após dia, armadilhas tão dolorosas para nós mesmos. Pena por não nos darmos conta de que a vida, embora seja mesmo cheia de surpresas, tem muito de lógica - a velha e boa lógica da 'ação e reação'.

Apenas fiquei em silêncio, ouvindo a dor dela, sentindo muito pelas vezes que eu também não consegui perceber o que estava bem diante do meu nariz e pensando algo como "agora, não adianta chorar" e, sem conseguir impedir, uma lágrima se soltou dos meus olhos!

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