Simplicidade nos remete à leveza, à naturalidade da vida representada como um processo de aprendizados e evolução para o espírito imortal. Neste contexto, ser simples é eleger sentimentos nobres como legítimos companheiros de jornada e libertar-se de sentimentos negativos que pesam na bagagem existencial.
Sábio é aquele que vê o que o outro não aprendeu a ver, mas nem por isso se considera um sábio, e sim, um aprendiz entre tantos que retornam para uma nova oportunidade no educandário da vida.
Há milênios, sem ter plena consciência do que acontece consigo, o ser humano carrega o pesado fardo de sua própria história, repleta de acontecimentos onde o orgulho, o egoísmo e a prepotência deixaram as suas marcas registradas em seu perispírito, ou seja, energias pesadas que comprometem o seu bem-viver em função de dívidas acumuladas com o próprio passado.
Este "peso existencial" do espírito reflete-se em desequilíbrios do corpo físico e da mente, que em muitos casos, são acompanhados por processos obsessivos de natureza espiritual. Por isso, por mais que a ciência tente tratar as patologias e psicopatologias, enquanto não se aprofundar nas verdadeiras causas que levam o indivíduo a sofrer, permanecerá perdida no labirinto que separa a realidade física da dimensão que transcende a matéria.
Somos seres espirituais em trânsito pelo planeta Terra. Experiência que revela, no seu final, o que fizemos em prol de si mesmo, do outrem e do mundo no qual vivemos. De nada adianta ocultarmos uma face, se a vida revela-se transparente diante do universo. Clara e límpida como as águas de um regato que mostra o seu fundo à luz do sol.
Portanto, ser simples é aceitar a vida como ela se apresenta diante de nossos olhos, isto é, sem máscaras que escondem intenções não manifestas, responsáveis pelo lado oculto e doentio da natureza humana.
Quando optamos pela transparência de intenções, erradicamos, gradualmente, a energia da dor e do sofrimento em nossas vidas. Processo, que ao longo do tempo, liberta o indivíduo do cativeiro de si mesmo.
A crise de valores que padece a sociedade moderna mostra o seu lado positivo, à medida que expõe as feridas causadas pela cultura materialista que consome mentes e corações sem oportunizar a que o indivíduo reflita sobre os excessos do consumismo e do competitivismo como forma de alienação de si mesmo em relação a outros valores implícitos no contexto vital.
No entanto, a crise de valores que atinge, principalmente, o mundo ocidental, vem acompanhada da Era da Sensibilidade que convida o habitante da Terra a rever conceitos, valores e sentimentos.
Seu recado: ser simples e desfrutar a vida de uma forma cristalina, sem medo de amar incondicionalmente, pois o senso de responsabilidade é algo que conecta o indivíduo ao outrem numa rede de solidariedade que transforma a sociedade pelo ideal do bem-comum.
É tempo de observar a vida com os olhos da simplicidade e captar ângulos jamais vistos pela sensorialidade comum. É tempo de expandir a consciência e libertar-se do egocentrismo que nos prende à crosta terrestre, impedindo que o aprendizado penetre no conhecimento de si mesmo em perfeita comunhão com o universo.
É tempo de desvincular o homem de conquistas forjadas a ferro, sangue e fogo. De promover a fé religiosa às custas da ingenuidade que alimenta a indústria das segundas e terceiras intenções.
É tempo de encarar o presente sem medo dos enfrentamentos e descobertas que teremos na senda do progresso, porque não quebramos paradigmas sem a vontade e a determinação individual de seguir em frente e superar os obstáculos encontrados pelo caminho.
Ser simples é desfrutar a vida pelo ângulo da transparência de intenções. Condição do indivíduo desapegado de interesses egoicos associados às ilusões do materialismo.
Ser simples é ver o outro como a si mesmo, livre do estigma do preconceito e da discriminação, que inúmeras guerras e perseguições promoveu ao longo do processo histórico da humanidade.
Ser simples é abdicar do orgulho como um rei abdica de seu trono, como fez Jesus Cristo ao revelar ao homem, que além das riquezas materiais que brilham e seduzem, existe algo mais grandioso. Porém, simples e naturalmente iluminado: o caminho da verdade.
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